jueves, 18 de agosto de 2011

Seja o que for que pense o prefeito, os ciganos não desaparecerão a golpes de repressão policial,

Cerco aos ciganos na França






Paris, 11 ago (Prensa Latina) Uma centena de ciganos foram expulsos hoje de um gramado próximo à Porta de Aix, na cidade de Marsella (sul) por um decreto do prefeito validado pelo tribunal administrativo.

No outro extremo do país, em uma localidade da periferia de Lille (norte), o prefeito conservador da Madeleine, Sébastien Leprêtre, dispôs duas ordens: proibição da mendicância e de revirar as latas de lixo.

Ambos preceitos foram traduzidos ao romano e ao búlgaro, uma clara evidência da população à qual vão dirigidos, segundo as associações em defesa dos romanos, salvo que a maioria deles não sabe ler.

Em Marsella, o responsável pela Liga de Direitos Humanos de Bocas do Ródano (Bouches-du-Rhône), Bernard Eynaud, lamentou que a expulsão seja a única resposta política dada.

Por sua vez, a Frente de Esquerdas da região PACA (Provenza-Alpes-Costa Azul) condenou firmemente a decisão das autoridades.

Em um comunicado, o grupo político assinalou que essa localidade imersa em graves problemas econômicos e sociais precisa mais que uma resposta policial.

A ambição é clara, deslocar a miséria que estorva a vista do coração da cidade, sem buscar vias para erradicá-la, assinalou em um comunicado.

Seja o que for que pense o prefeito, os ciganos não desaparecerão a golpes de repressão policial, acrescentou o texto.

Para a Frente de Esquerdas, é hora já de atuar com o fim de estabelecer respostas globais e permanentes a essa situação.

Na Madeleine, Leprêtre defende-se e declara que atuou como mediador das tensões entre ciganos e a população preocupada, referiu o jornal La Voix du Nord.

No entanto, Michel-François Delannoy, prefeito de Tourcoing (norte) e vice-presidente de Lille Metrópole, expressou que essas ordens não resolverão o problema e só conseguirão os deslocar.

Afirmou que em seu território há vontade de ajudar da comunidade urbana e citou a criação de espaços de acesso para os romanos, vilas de inserção e atenção à educação das crianças.

Em julho passado, a Organização Não Governamental (ONG) Médicos do Mundo (MDM) França denunciou a situação precária dos ciganos e sua exposição a múltiplas doenças como consequência da política de expulsão empreendida pelo governo francês.

MDM revelou um balanço sanitário alarmante sobre as comunidades romanas em um relatório apresentado nesta capital.

O clima de terror gerado pelas medidas provoca rupturas de cuidados em pacientes afetados por doenças crônicas como a tuberculose e a diabetes, assim como a interrupção de campanhas de vacinação, inclusive em contexto epidêmico, assinalou.

MDM criticou o governo francês por utilizar esta população como bode expiatório e mostrá-la como uma ameaça para justificar assim suas cifras de imigração ilegal.

No dia 30 de julho de 2010, o presidente Nicolás Sarkozy, anunciou uma nova política de segurança, a qual continha a expulsão de ciganos e o desmantelamento de acampamentos no país.

De acordo com dados do Ministério do Interior, no ano passado foram reconduzidos à fronteira nove mil de 15 mil romanos presentes na França.

A medida não representou mudança substancial alguma porque como cidadãos membros da União Europeia, têm direito a entrar novamente em território francês, destacou oMDM.

http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&id=314354&Itemid=1