De acordo com o professor aposentado da Universidade Federal de Goiás (UFG) Ático Vilas-Boas da Mota, que estuda a cultura e a história cigana no Brasil, o preconceito contra esses povos é "coisa antiga" e ocorre porque a população em geral não aceita pessoas que vivem de forma diferente.
Já para a estudiosa Cristina da Costa, que tem cinco livros publicados sobre essa minoria, a falta de conhecimento e de pesquisas sobre a condição de vida dos ciganos no Brasil, aliada à inexistência de políticas públicas, alimenta o preconceito.
"Se meu time ganhava é porque eu tinha feito feitiço. Se sumia um lápis ou borracha de um colega, a primeira pasta a ser revistada era a minha. Foi assim muito tempo", afirma.
Representando os ciganos no conselho da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Mirian diz que os ciganos de hoje ainda têm desafios para estudar: convencer os pais e vencer o bullying. Para muitas comunidades, a melhor escola é a família, que pode ensinar as tradições e os costumes..
Criado longe dos acampamentos, na capital fluminense, o professor de música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Antonio Guerreio, de 62 anos, cujo pai era Calom e a mãe inglesa, do clã Rom, não teve problemas na escola, mas fala da discriminação que persegue os ciganos mesmo adultos. Por isso, segundo ele, poucos assumem sua ascendência.No Brasil, atualmente, predominam três clãs ciganos: os Rom (vindos da ex-Iugoslávia, Sérvia e de outros países do Leste Europeu), os Calom (que vieram da Espanha e de Portugal) e os Sinti (vindos da Alemanha, Itália e França).