lunes, 4 de julio de 2011

Sempre houve ligação dos ciganos com o circo...



O CIRCO NO BRASIL
No Brasil, mesmo antes do circo de Astley, já havia os ciganos que vieram da Europa, onde eram perseguidos. Sempre houve ligação dos ciganos com o circo. Entre suas especialidades, incluíam-se a doma de ursos, o ilusionismo e as exibições com cavalos. Há relatos de que eles usavam tendas e nas festas sacras havia bagunça, bebedeira e exibições artísticas, incluindo teatro de bonecos. Eles viajavam de cidade em cidade e adaptavam seus espetáculos ao gosto da população local. Números que não faziam sucesso na cidade eram tirados do programa.
O circo com suas características, em geral itinerante, existe no Brasil a partir dos fins do século XIX. Os grupos circences desembarcavam em um porto importante, faziam seu espetáculo e partiam para outras cidades, descendo pelo litoral até o Rio da Prata, até chegar a Buenos Aires.
Instalando-se na periferia das grandes cidades e voltado para as classes populares, sua modernização não se deu em termos de espaço e equipamentos: investe no elemento humano, suas destrezas, habilidades e criatividade. Por isso, os palhaços são as figuras centrais e deles depende o sucesso do espetáculo.
O circo brasileiro tropicalizou algumas atrações. O palhaço brasileiro falava muito, ao contrário do europeu, que era mais mímico. Era mais conquistador e malandro, seresteiro, tocador de violão, com um humor picante. O público também apresentava características diferentes: os europeus iam ao circo a fim de apreciar a arte; no Brasil, os números perigosos eram as atrações: trapézio, animais selvagens e ferozes.
Segundo Alice Viveiros de Castro, existem atualmente mais de 2.000 circos espalhados pelo Brasil, sendo aproximadamente 80 médios e grandes, com trapézio de vôos, animais e grande elenco. Estima-se um público anual de 25 milhões de espectadores.
Entre os problemas enfrentados nos dias de hoje, estão o alto preço cobrado pelo aluguel dos terrenos e a proibição da instalação de circos em algumas cidades. Por vezes, as autoridades locais temem os “forasteiros”.

SURGE UM NOVO CIRCO
Atualmente, paralelamente aos circos itinerantes e tradicionais que ainda existem, a arte circense também é aprendida em escolas. Por uma mudança de valores, muitos circenses colocaram seus filhos para estudar e fazer um curso universitário. As novas gerações estão trabalhando com mais empenho na administração dos circos.
Surge um novo movimento, que pode ser chamado de Circo Contemporâneo. Não há uma data precisa do seu surgimento, mas pode-se dizer que o movimento começou no final dos anos 70, em vários países simultaneamente.
Na Austrália, com o Circus Oz (1978), e na Inglaterra, com os artistas de rua fazendo palhaços, truques com fogo, andando em pernas de pau e com suas mágicas.
Na França, a primeira escola de circo é a Escola Nacional de Circo Annie Fratellini. Annie era descendente da maior família de palhaços franceses, os Fratellini. A escola surge com o apoio do governo francês, em 1979. Ligados à escola ou não, começam a surgir vários grupos.
No Canadá, os ginastas começaram a dar aulas para alguns artistas performáticos e a fazer programas especiais para a televisão e em ginásios, em que os saltos acrobáticos eram mais circenses. Em 1981, criou-se a primeira escola de circo para atender à demanda dos artistas performáticos.
Em 1982, surge em Québec o Club des Talons Hauts, grupo de artistas em pernas de pau, malabaristas e pirofagistas. É esse grupo que, em 1984, realiza o primeiro espetáculo do Cirque du Soleil. Em decorrência do grande sucesso no Canadá, eles recebem apoio do governo para a primeira turnê nos Estados Unidos. A segunda turnê, em 1990, é assistida por 1.300.000 espectadores no Canadá e excursiona por 19 cidades americanas.
Surge a grande empresa de espetáculos que atualmente está em cartaz, com oito espetáculos diferentes, no mundo - em três continentes - com mais de 700 artistas contratados.
Voltando um pouco na história, é importante mencionar a influência da ex-União Soviética. Em 1921, o novo governo soviético resolve criar uma escola de circo e convida o prestigiado diretor de teatro Vsevolod Meyherhold para dirigi-la.
O contato entre os tradicionais do circo e a vanguarda do teatro resulta na criação de uma escola que coloca o circo num patamar de arte. Dança clássica e teatro fazem parte do currículo. É criada uma forma de espetáculo com temas vairados e uma apresentação inteiramente nova. São criados novos aparelhos, diretores são chamados para dirigir os espetáculos, músicos fazem composições especiais e sob medida.

O CIRCO SEM LONA
Pode-se dizer que as artes circenses surgiram na China, onde foram descobertas pinturas de quase 5.000 anos, em que aparecem acrobatas, contorcionistas e equilibristas. A acrobacia era uma forma de treinamento para os guerreiros, de quem se exigia agilidade, flexibilidade e força. Com o tempo, a essas qualidades se somou a graça, a beleza e a harmonia.
Em 108 a.C., houve uma grande festa em homenagem a visitantes estrangeiros, que foram brindados com apresentações acrobáticas surpreendentes. A partir daí, o imperador decidiu que todos os anos seriam realizados espetáculos do gênero durante o Festival da Primeira Lua. Até hoje, os aldeãos praticam malabarismo com espigas de milho e brincam de saltar e equilibrar imensos vasos nos pés.
Nas pirâmides do Egito, existem pinturas de malabaristas. Nos grandes desfiles militares dos faraós se exibiam animais ferozes das terras conquistadas, caracterizando os primeiros domadores.
Na Índia, os números de contorção e saltos fazem parte dos milenares espetáculos sagrados, junto com danças, música e canto.
Na Grécia, as paradas de mão, o equilíbrio mão a mão, os números de força e o contorcionismo eram modalidades olímpicas. Os sátiros faziam o povo rir, dando continuidade à linhagem dos palhaços...
No ano 70 a.C., em Pompéia, havia um anfiteatro destinado a exibições de habilidades incomuns.
O Circo Máximo de Roma apareceu pouco depois, mas foi destruído em um incêndio. Em 40 a.C., no mesmo local, foi construído o Coliseu, onde cabiam 87 mil espectadores. Lá, eram apresentadas excentricidades como homens louros nórdicos, animais exóticos, engolidores de fogo e gladiadores, entre outros. Porém, entre 54 e 68 d.C., as arenas passaram a ser ocupadas por espetáculos sangrentos, com a perseguição aos cristãos, que eram atirados às feras, diminuindo o interesse pelas artes circenses.
Os artistas passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. Durante séculos, em feiras populares, barracas exibiram fenômenos, habilidades incomuns, truques mágicos e malabarismo.
No século XVIII, vários grupos de saltimbancos percorriam a Europa, especialmente a Inglaterra, França e Espanha. Eram freqüentes as exibições de destreza a cavalo, combates simulados e provas de equitação.
O CIRCO CONTEMPORÂNEO BRASILEIRO
A primeira escola que se instalou no Brasil chamava-se Piolin, em São Paulo, no estádio do Pacaembu (1977). Em 1982, surgiu a Escola Nacional de Circo, no Rio de Janeiro, onde jovens de todas as classes sociais têm acesso às técnicas circenses. Formados, os ex-alunos vão trabalhar nos circos brasileiros ou no exterior, ou formam grupos que se apresentam em teatros, ginásios e praças.
Atualmente, a Intrépida Trupe, os Acrobáticos Fratelli, os Parlapatões, Patifes e Paspalhões, a Nau de Ícaros, o Circo Mínimo, o La Mínima, o Circo Escola Picadeiro, a Linhas Aéreas e o Teatro de Anônimo, entre outros, formam o Circo Contemporâneo Brasileiro.

(Fonte:www.velhosamigos.com.br)